Na liturgia de hoje (cf. Jo 12,44-50), você pode perceber que estamos no final do capítulo 12. Logo em seguida, vem o 13, que é a Última Ceia. A partir dela, começa a Paixão de Cristo. Esta é a última Palavra que Jesus diz ao Seu povo, aos judeus, ao povo de Israel.
O Senhor foi perseguido, já tinha certeza de tudo o que tinham tramado contra Ele. É por isso que essa Palavra tem uma força e um peso todo especial. Lázaro já havia morrido, e muitos doutores da lei viram quando o Senhor o ressuscitou, tanto que a palavra deles era essa: “Não temos como negar”.
O povo reconhece que o Messias está no meio deles e faz um cortejo para Ele com palmas e oliveiras. Ele já tinha feito a limpeza do templo e agora estava na última Palavra. Ele exclamou em alta voz: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. Quem me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 12,44-46). Essa Palavra foi dirigida pelo Senhor àquele povo, aos escribas, aos doutores da lei, aos sumo sacerdotes. Porém, a Palavra é perene e também está sendo dirigida para nós hoje. Por isso, precisamos levar muito a sério isso.
A impressão que temos, hoje, é a de que o mundo foi nos tirando a sensibilidade a Deus. Chamo à atenção daqueles que assumiram uma consagração, porque, pelo fato de trabalharmos com a Palavra de Deus em todos os meios que Ele foi nos dando ao longo dos anos, podemos, também nós, ficar insensíveis ao Senhor e Ele vai se tornando apenas algo mais na nossa vida.
O nosso mundo é anticristão e, queiramos ou não, estamos respirando um ar poluído que vem por todos os lados: pelos meios de comunicação, pelas músicas que correm pelo mundo. Ele nos atinge e nós cristãos vamos sendo fortemente atingidos. Estamos sendo agredidos pelo mundo anticristão, mas não podemos ser ingênuos. É por isso que precisamos de Jesus na Eucaristia, na oração, por meio da qual nos unimos a Ele. Precisamos adorar o Santíssimo Sacramento, porque é na adoração, principalmente, que vamos limpando o nosso interior, a nossa alma, o nosso espírito violentamente atingido.
Jesus acrescenta algo muito importante para nós: “Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu não o julgo, porque eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12,47). Cristo continua presente neste mundo e fala a ele através de nós. Se não falarmos, Deus não tem meios para falar, pois somos a boca, o coração de Jesus para este mundo.
Se o Senhor disse que veio ao mundo como luz; conosco precisa ser a mesma coisa. Nós não passamos de “velazinhas”, mas precisamos, com a nossa luz, iluminar o mundo. Precisamos usar de todos os meios, doar-nos, sem reservas, como fez Jesus, para salvar todos aqueles que têm a mentalidade do mundo e vivem no pecado. Temos um interesse especial pelos nossos, mas também por todos. Jesus não quer perder suas ovelhas que estão desviadas. Nós cooperamos com Ele, somos os instrumentos d’Ele. Não somos a luz; somos a vela. E é preciso que haja a vela para que a luz resplandeça.
Na primeira leitura de hoje, Paulo e Barnabé permanecem o ano todo em Antioquia, levando a graça da efusão do Espírito Santo àquele povo pagão. O Espírito de Deus se manifesta e os dois saem para realizar uma obra. Os enviados descem para Selêucia, depois para Chipre e começou, então, a primeira viagem apostólica.
Diga, do fundo do seu coração e com toda veracidade:
“Senhor, eis me aqui, a Tua Palavra foi-me clara e séria. Eu preciso ser Teu apóstolo. Não passo de uma ‘velazinha’, mas preciso estar aceso para ser a Tua luz para este mundo. Jesus, eis me aqui, quero e preciso ser alguém cheio do Espírito Santo e levá-Lo a muita gente. Preciso usar os dons, os carismas, porque este é o único meio que tenho para salvar este mundo. Senhor, eis aqui o Teu servo”.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.