Tenha misericórdia de nós padres e religiosos

Peço que você reze por nós padres e religiosos

 

 

A fé é como gerador de energia elétrica: enquanto ela está em ação a energia está fluindo. Na hora em que o gerador perde o ritmo, a luz começa a falhar apaga tudo.

O inimigo de Deus está agredindo o nosso gerador que é a fé.

Chegara um tempo que nao teremos Missa

Monsenhor Jonas Abib – Créditos: Arquivo Canção Nova

Logo após Deus derramar o Seu Espírito sobre a Igreja -, o inimigo veio violentamente para atacar-nos justamente em nossa fé. Ele foi tão covarde que visou especialmente àqueles que estavam na cabeça da Igreja. Os mais atingidos fomos nós, padres, religiosos e religiosas. Foi uma agressão. Uma verdadeira violência.

Por isso, digo a você: “Tenha misericórdia de nós padres! Tenha compaixão de nós, religiosos e religiosas! Tenha compaixão, porque a luta conosco foi desleal”. O inimigo entrou pelo intelecto: ele foi certeiro, e pelo canal do intelectualismo nos levou a um verdadeiro racionalismo e atingiu com um vírus a nossa fé.

O processo é igualzinho ao que acontece com o vírus HIV: a pessoa contrai o vírus e não percebe nada, tudo continua muito normal. Depois de algum tempo, na hora em que a pessoa menos imagina, a Aids se manifesta.

O vírus que o inimigo inoculou em nós é tão daninho como o vírus da Aids. E muito de nós, sacerdotes e religiosos, infelizmente, acabamos sendo vítimas. Pegamos o vírus e parecia que estava tudo muito normal. Tínhamos sido atingidos, mas não percebíamos. Tínhamos boa resistência física e parecia que seríamos capazes de resistir… Mas quando menos se esperava o racionalismo já era realidade.

Quando a fé é atingida, o primeiro sinal que surge é a perda identidade sacerdotal. Com ela o ardor, o gosto pela vocação e o entusiasmo vão embora. 0 gosto pela oração já não mais existe, e a celebração se torna uma obrigação de funcionário.

Como acontece com a oração, diminui também o zelo apostólico, o zelo evangelizador. O padre lança mão de muitos meios: pode ser construtor, agente social, professor, organizador… Ele tem sucesso nesses campos todos porque foi preparado durante muitos anos. Mas ele está “aidético” espiritualmente… Sua fé está eclipsada, mas como não sabe disso, se sustenta nessas atividades. O padre ou religioso se torna agente social, professor, construtor, administrador, empresário… e muitas vezes “rato” de computador.

Não estou condenando, estou pedindo misericórdia por nossos sacerdotes e religiosas!

Esse vírus atingiu conventos: religiosas assistindo às novelas e não sei quantos outros programas, todas as noites… É a ação do vírus! Diante da televisão, que benefícios terão para sua pobreza, sua obediência, sua castidade, sua espiritualidade e sua consagração a Deus? É o vazio dentro de si que as faz buscar, mas busca onde não deve. Acaba bebendo aquelas águas sujas que nada resolvem, pelo contrário, sorrateiramente vão lhes roubando a coisa mais preciosa: a própria consagração! Então as consequências desse “vírus” arrasam a pessoa. Acabam sendo pessoas decepcionadas com tudo e com todos… porque na verdade são frustradas na própria vocação.

Tenha misericórdia! Porque tudo isso pode ser mudado. Reverter a situação de Aids é difícil. Mas essa crise de fé, graças a Deus, é possível mudar. O Espírito que ressuscitou Jesus dos mortos pode nos ressuscitar, e ressuscitar a nossa fé que entrou em crise. O Espírito Santo pode e quer vivificar todo padre, religioso ou religiosa.

O inimigo foi tão daninho, tão covarde, que usou justamente um vírus parecido com o HIV que é difícil detectar. Se fosse um outro vírus que permitisse às pessoas perceberem logo as consequências, tenho certeza de que elas teriam se abalado. Mas esse tipo de vírus que nos atingiu a fé foi penetrando aos poucos… e quando já estava aninhado surgiu a doença. Parecia não haver mais retorno.

Mas, graças a Deus, há retorno!

Nós padres, religiosos e religiosas precisamos ser “vivificados” pelo Espírito que ressuscitou Jesus dos mortos. A solução para todos nós é sermos batizados no Espírito Santo.

Não há outra solução. Precisamos ser humildes e acolher o remédio que Deus mesmo providenciou: a graça do batismo no Espírito. Aquele Espírito que ressuscitou Jesus dos mortos, Ele e somente Ele é capaz de debelar esse vírus que nos atingiu e resgatar a nossa fé. Somente o Espírito Santo é capaz de nos “vivificar” e devolver-nos a identidade de homens e mulheres de Deus. Devolver-nos o entusiasmo, a coragem, o ardor apostólico… o sentido da nossa vocação e missão.

 

Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib

Retirado do livro “Orando com poder”.

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