Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito a seu sustento. Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida. Ao entrardes numa casa, saudai-a. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não os receber, nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade, e sacudi a poeira dos vossos pés. Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade, no dia do juízo” (Mt 10,7-15).
Neste trecho do Evangelho segundo Mateus, Jesus está anunciando o Reino de Deus e mandando seus apóstolos anunciar que “O Reino dos Céus está próximo” (Mt 10,7).
É muito interessante observar que os apóstolos, depois de Pentecostes, já anunciam que a vinda do Senhor está próxima. Na segunda pregação de Pedro, quando ele cura o homem que era aleijado (cf. At 3,1-26), ele anuncia que o Senhor vinha para transformar todas as coisas, terras e céus. A primeira pregação já é o início da evangelização. Como Jesus e João Batista, Pedro disse: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Crer no Evangelho é assumi-lo de tal maneira que vamos sendo transformados por essa vida nova que Deus vem nos trazer.
A Igreja está insistindo que todos nós, cristãos, precisamos ser discípulos e missionários, ou seja, levar o Evangelho a todas as pessoas e patrocinar o encontro pessoal delas com Jesus. Quando as pessoas têm seu encontro pessoal com Jesus, a conversão acontece. Você não precisa ser pregador, pois todos nós podemos ser anunciadores do Evangelho testemunhando aquilo que Deus fez em nossas vidas. É o recordar-se de proclamar as maravilhas do Senhor, as coisas lindas que Ele fez na nossa vida. É um testemunho simples daquilo que vivemos.
Para isso, não é preciso que você tenha tido uma vida pecaminosa e depois mudado. Muitos eram apenas católicos relaxados, mas o Senhor os tocou por meio de alguém e tudo mudou na vida deles e em suas casas. Vimos curas das pessoas próximas a nós por graças que Deus nos concedeu. O Senhor continua agindo porque Ele é um Deus de amor e de poder. Todos nós podemos ser discípulos e missionários, agora, com as qualidades que temos.
No livro do Gênesis temos um exemplo maravilhoso: José. Os irmãos dele, filhos de Jacó, tinham inveja dele porque o pai o amava e manifestava seu amor por ele. Quando eles [irmãos] o traíram e o venderam a negociantes árabes, estes o levaram para o Egito e venderam-no como escravo. Mas, graças a Deus, José se torna escravo de um homem muito forte, o qual viu que ele não era um escravo comum, mas um homem dócil, bondoso. E por causa da bondade e das qualidades dele, a esposa de seu patrão começou a assediá-lo e tramou para pecar com ele, inventando toda uma história como se fosse ele quem a tivesse assediado. Por isso, ele vai para a cadeia, e lá, pela graça de Deus, consegue desvendar os sonhos de dois prisioneiros que eram servos ligados ao faraó.
Assim, quando o faraó tem aquele sonho das sete vacas gordas e sete vacas magras, cujo significado ninguém no reino consegue interpretar, ele chama José e este o interpreta. José diz que as sete vacas gordas significavam sete anos de abundância, e que as sete vacas magras, sete anos de uma carestia enorme no Egito. Então o faraó faz dele o administrador de todos os seus bens. Então, em sete anos, ele [José] enche os celeiros de alimentos.
Ele, que já tinha reconhecido seus irmãos quando estes vieram buscar trigo no Egito, manifesta-se a eles, dizendo: “Eu sou José, vosso irmão” (cf. Gn 45,3). Então, eles lhe pedem misericórdia, e José lhes diz: “Não vos aflijais, nem vos atormenteis por me terdes vendido a este país. Porque foi para a vossa salvação que Deus me mandou adiante de vós, para o Egito” (Gn 45,5).
Meus irmãos, é preciso reconciliar-se e perdoar. Muitas vezes, isso é difícil para nós, pois pensamos que perdoar é dar razão ao outro. Não, não é assim, você perdoa porque a pessoa é culpada, devedora. Ela não está certa, foi injusta com você, mas você não a condena. Muito mais do que José, Jesus perdoou todos os seus irmãos. Ele perdoou a mim e a você gratuitamente, ao preço do Seu sangue.
Talvez seja difícil perdoar alguém, mas a primeira pessoa a ser beneficiada com o perdão vai ser você mesmo, porque a falta de perdão o carcome. A pessoa que não perdoa, prejudica-se e acaba caindo em muitas doenças por estar com o coração cheio de mágoa e de rancor. A nossa salvação é o perdão, Jesus nos perdoou quando éramos pecadores, quando éramos culpados.
Precisamos, especialmente nesses tempos, ser discípulos e missionários porque o Reino dos céus está próximo.
Por isso, convertei-vos e crede no Evangelho!
Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova