desanimo

Quando chega o desânimo…

 A vida espiritual também é permeada por securas, tempos de aridez, falta de gosto, solidão, desânimo… Nesses períodos, somos privados das consolações sensíveis e espirituais, e isso, mesmo que a gente não entenda, favorece nosso crescimento na vida de oração e na prática das virtudes. Apesar de muitos esforços, de disciplina na vida espiritual, a pessoa não sente gosto na oração; ao contrário, experimenta-se nela cansaço, desânimo, ausência da presença de Deus, como se Ele tivesse se esquecido de nós. Poderíamos dizer que a fé e a esperança estão adormecidas. A alma parece envolta numa espécie de torpor. É um tempo penoso, não se experimenta a alegria. 

Também nesse tempo Deus trabalha em nós. Jesus mesmo disse que “o Seu Pai continua trabalhando”. Deus trabalha sempre a nosso favor e, como já dizia o apóstolo Paulo, “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus”. Esse tempo de secura nos ajuda a nos desprendermos de tudo o que não proclama o senhorio de Jesus em nossa vida, ensina-nos e educa-nos a buscar a Deus por aquilo que Ele é e não por aquilo que Ele pode nos oferecer. Ajudar-nos a viver o abandono em Deus e n’Ele nos perdermos. Elizabete da Trindade, grande mística carmelita, dizia: “É preciso deixar tudo para abraçar aquele que é Tudo”. 

As securas espirituais ajudam na conquista da humildade, fazem-nos entender que tudo vem de Deus e em tudo dependemos d’Ele. O Amor de Deus para conosco é puramente gratuidade. Esse tempo penoso nos faz compreender que Ele é o Senhor dos dons e os distribui segundo a maneira que Lhe apraz. Não somos nós que devemos ditar as ordens para Deus, Ele é o Senhor, Ele é livre, e nós somos os Seus servos. Assim, Deus nos purifica. Sofre-se muito, mas este é um sofrimento redentor.

Aprendemos a servir a Deus sem gosto. Aprendemos a buscá-Lo em todos os momentos. Aprendemos que nossos olhos devem estar fixos N’ele. Assim, Deus fortalece a nossa fé, impele-nos a não desistir na busca da prática do bem e do viver, e ensina-nos o caminho da constância, como Santa Teresa que, durante anos, teve dúvidas da presença de Jesus na Eucaristia e, nem por isso, deixou de fazer adoração. É por meio desse exercício que se fortifica a virtude. Costumo dizer aos meus filhos na Canção Nova: “10% é inspiração e 90% é transpiração”.

Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib

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