Casamento

Casais que estão se dilacerando

Os casais, hoje, não estão só se dividindo, estão se dilacerando

 

“Confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer” (Sl 32, 5).

E que bonito esse salmo penitencial, de quando Davi cometeu o pecado do adultério, e ele mandou matar o seu soldado mais fiel.  Davi para esconder o seu erro, para cometer o seu adultério, mandou matar Urias. Mas imagina como deveria estar o coração de Davi, nada estava indo bem, até que ele disse: “Confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer”.

A Eucaristia é a fonte para a santificação

Créditos: Arquivo/Canção Nova

Talvez você tenha cometido adultério como Davi, ou mentira e muitas outras coisas. Hoje, não é somente os homens que cometem adultério, mas as mulheres também. E que lindo se você também fizer como Davi e confessar os seus pecados!
Como é um alívio quando cometemos um pecado e confessamos, porque nós temos a graça de sermos perdoados. Que maravilha olhar, cara a cara com o Senhor, e dizer “Obrigado, Senhor, porque perdoou os meus pecados”.

“Vós sois para mim proteção e refúgio, eu canto bem alto a vossa salvação.”

Muitas vezes, quebramos o nosso casamento, e assim quebramos a nossa sociedade com o Senhor. Casamento é, primeiramente, parceria com Deus. O casal se associa a Deus para unir-se àquela pessoa, para realizar a vontade de Deus.

Na verdade, foi Deus quem escolheu vocês primeiro. Não foram os seus olhos bonitos ou o seu jeito de galã. Deus usou disso para unir vocês, foi Deus quem quis. O Senhor já havia escolhido cada um de vocês, por isso não dá para romper. Se você tem dois livros, dá para dividir, eu fico com um e você fica com outro. Mas se eu pegar o meu livro e tentar dividi-lo, não estou dividindo, eu estou dilacerando. Mesmo se eu quisesse dividir, não estaria dividindo, estaria dilacerando. Olha a situação do meu livro! Sempre sobra um pedacinho, e não é um pedaço insignificante, são um, dois ou três filhos, com um ou dois netos. Os casais não estão se dividindo, a palavra correta é dilacerando-se.

Eu tinha todas as qualidades para ser um bom marido, para ser um bom pai – casa e família sempre me encantaram. A minha família era toda unida, como um bolinho de gato – claro que saíam algumas unhadas, porque gato tem unhas, mas é natural de família. Eu tive um bom exemplo de família.

Assim como o passarinho tem o seu ninho, eu tinha o meu ninho, tinha a minha família, a minha casa. Essa foi a parte mais difícil da minha vocação: sair de casa. Mas, modéstia às favas, olha quanto filhos, como eu fui fecundo e até materialmente! Se a fecundidade do corpo funciona, imagina a fecundidade espiritual!

Minha mãe, uma vez, confessou que, quando brigava com meu pai, eles nunca iam dormir sem se reconciliar. Mesmo quando estavam enfezados, nunca dormiam sem se reconciliar.

É bom perdoar filhos, mesmo quando eles nos decepcionam a ponto de arrancar pedaços de nós. Mas como é bom perdoá-los.
Existe o amor carnal, um amor biológico, pois foram os nossos pais que nos fizeram, então já existe um amor natural.

Somos carne da mesma carne, e o natural já é se perdoar; o não natural é não se perdoar. Como marido e mulher são uma só carne, mas não se perdoam? Assim como o pai, a mãe e o filho que nos decepcionam, arrancam pedaços, mas, depois que se perdoa, tudo se refaz.

Quando nos perdoamos, que fecundidade vem daí! Todos nós precisamos amar, assim como precisamos ser amados. Tanto como precisamos perdoar, como precisamos ser perdoados.

 

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

 

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.