De graça recebestes, de graça dai

A Palavra “carisma” vem de charis, que no grego quer dizer “graça”. Portanto, carisma é o derramamento da graça, assim como chuva é o derramamento da água. Ser carismático, portanto, equivale a “ser agraciado”, ser aquele sobre quem a graça é derramada. Aquele que recebe o carisma, o derramamento da graça, recebe “o dom do Espírito”. Em outras palavras, recebe o presente do Espírito Santo. “Dom” significa “presente”. Portanto, não é por mérito o que o conseguimos, não se conquista, é graça. “De graça recebestes, de graça dai.”. Essa é a missão da Igreja.

Se João batizou em água, preparando a primeira vinda de Jesus, nós, Igreja, estamos ministrando o batismo no Espírito Santo, preparando a segunda vinda de Jesus. O povo do Senhor está precisando.

Não passamos de uma “voz que clama no deserto”. O mundo de hoje é um terrível deserto. Em muitas situações, a própria Igreja tornou-se um deserto. Dentro dela, há uma multidão de batizados: mas são ovelhas perdidas, machucadas, confusas, feridas. Caídas no chão, sem rumo, sem norte. Amarradas, presas, escravizadas.

Para salvar essas ovelhas, Jesus deu à sua Igreja uma graça especial: derramou seu Espírito Santo. A grande graça que a Igreja recebe hoje de seu Senhor é poder testemunhar, como os apóstolos, o derramamento do Espírito Santo acontecendo em nossos dias. É ver se realizando, hoje, as mesmas maravilhas que a Igreja iniciante presenciou naquele tempo. Quando Pedro pregou, pela primeira vez, uma multidão de pelo menos três mil pessoas foi atingida. Os Atos dos Apóstolos testemunham:

Aquele que recebe o carisma, o derramamento da graça, recebe “o dom do Espírito”

Com o coração abalado, ao ouvirem essas palavras, eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Que é que devemos fazer, irmãos?” Pedro lhes respondeu: “Convertei-vos: receba cada um de vós o batismo no nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois é a vós que é destinada a promessa, e aos vossos filhos, bem como a todos que estão longe, quantos o Senhor nosso Deus chamar” (cf. Atos 2,37- 39).

Pedro foi direto: primeiro, arrependimento; segundo, batismo; depois recebereis o dom do Espírito Santo.

Também o diácono Filipe vai a Samaria, terra inimiga dos judeus, e lá começa a pregar Jesus Cristo. Ele não somente prega, mas vê acontecer o que Jesus havia prometido: “Estes os sinais que acompanharão os que houverem crido: expulsarão” (Marcos 16,17). Filipe prega e as pessoas são curadas. Curas tão admiráveis, a ponto de Simão, o mago, querer ser batizado e depois desejar “comprar” aquele dom, pois viu que era um “bom negócio” (cf. Atos 8,18), tais eram os prodígios e milagres que o Senhor operava pelas mãos de Filipe. Sua pregação era cheia de poder, acompanhada de sinais como a pregação de Jesus. Pregação e milagres, pregação e curas, acontecendo simultaneamente, como Jesus os mandou fazer. E assim o admirável aconteceu: os samaritanos aceitaram Jesus e o batismo.

Quando souberam que a Samaria acolhera a Palavra de Deus, os apóstolos que estavam em Jerusalém enviaram para lá Pedro e João. Ao chegarem, eles oraram pelos samaritanos a fim de que recebessem o Espírito Santo. No entanto, o Espírito ainda não caíra sobre nenhum deles; só tinham recebido o batismo no nome do Senhor Jesus. Então, Pedro e João lhes impuseram as mãos e eles [samaritanos] O [Espírito Santo] receberam (cf. At 8,14-17).

A graça do derramamento do Espírito Santo é tão grande, que não somente converte, numa pregação, três mil pessoas como atinge o povo samaritano. O batismo no Espírito Santo “derruba” Saulo, o perseguidor dos cristãos, e o transforma no grande apóstolo Paulo. Quem trouxe essa graça a ele foi um simples discípulo, Ananias. Esta é a narração dos Atos dos Apóstolos:

“Ananias partiu, entrou na casa e lhes impôs as mãos, dizendo: “Saul, meu irmão, é o Senhor que me envia – este Jesus que te apareceu no caminho que seguias – a fim de que recuperes a vista que fiques repleto do Espírito Santo”. Imediatamente, uma espécie de membranas lhe caíram dos olhos, ele recuperou a vista, e recebeu então o batismo e, depois de alimentar-se, recuperou as forças” (At 9,17-19 a)

Essa é a graça do batismo no Espírito Santo! É essa graça que o Senhor nos envia a ministrar. O mundo de hoje precisa dela, a Igreja e suas ovelhas também dela necessitam.

“Por isso: De graça recebestes, de graça dai”.

Trecho retirado do livro: O Espírito sopra onde quer (Monsenhor Jonas)

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