Homilia: Deus é verdadeiramente bom

“Daí graças ao Senhor porque Ele é bom” (Sl 105).

É importante sabermos que Deus é bom conosco. Ele é bom para nós e para nossa família, mesmo diante de tantos fatos. Mesmo que aconteçam tragédias ao seu derredor, o Senhor continua sendo bom, porque é da essência d’Ele ser assim. Muito mais do que ser bom, Ele é a bondade.

Meus irmãos, não basta apenas dizer essas palavras, mas precisamos pôr em prática a vontade do Pai que está nos céus. As Palavras do Senhor estão na Bíblia, no Evangelho, nas inspirações que Ele nos dá. Só o fato de sermos perfeitos e bons como Ele, amarmos como Ele nos ama e nos tornarmos cada vez mais amor, como Ele o é, não precisamos entrar em esquisitices.

Jesus está nos dizendo tudo isso porque Ele é bom e quer que estejamos atentos. Ele conclui o Sermão da Montanha falando de duas casas e duas situações. Na primeira situação, Deus nos diz: “Quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!” (Mt 7,26-27).

A nossa vida acaba sendo assim, porque não basta ouvir, ler, estudar e pregar a Palavra de Deus, é preciso pô-la em prática, senão estamos construindo nossa vida sobre a areia, e não se precisa de muita coisa para ela cair e a ruína ser completa.

Graças a Deus, Jesus traz outra situação: “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha” (Mt 7,24).

Problemas todos nós teremos, mas se a nossa casa estiver sendo construída sobre a rocha, – que é ouvir e pôr em prática as Palavras do Pai –, podem vir ventos e tempestades que ela permanecerá em pé.

Na primeira leitura, Sarai, que era estéril, pede a seu esposo Abraão que ele tomasse a escrava Agar para si e tivesse um filho com ela. Mas Deus já havia lhe prometido um filho e ela sabia das promessas do Senhor. Ontem, vimos que era preciso que Abraão esperasse, mas hoje vemos como Sarai foi apressada. Para não ficar sem filhos, ela vai buscar um meio totalmente fora do que Deus queria. Então, a escrava dela fica grávida e quando a gravidez começa a ficar ostensiva, sente-se superior à sua senhora. Sarai não agüentando a atitude da escrava, começa a maltratá-la. E a maltrata tanto que ela fugiu. Mas Deus é bom e mandou um anjo para se encontrar com ela na estrada. O anjo aparece diante dela e lhe diz: “Agar, escrava de Sarai, de onde vens e para onde vais?” Ela respondeu: “Estou fugindo de Sarai, minha senhora”. E o anjo do Senhor lhe disse: “Volta para a tua senhora e sê submissa a ela” (Gn 16,8-9).

Parece estranho, pois Sarai a estava maltratando, mas mesmo assim ela não deveria ter fugido. Depois de ter dito isso, o anjo lhe faz uma promessa, mas era preciso que ela o obedecesse: “Multiplicarei a tua descendência de tal forma, que não se poderá contar” (Gn 16,10). Disse, ainda, o anjo do Senhor: “Olha, estás grávida, e darás à luz um filho e o chamarás Ismael, porque o Senhor te ouviu na tua aflição. Ele será indomável como um jumento selvagem, sua mão se levantará contra todos, e a mão de todos contra ele. E ele viverá separado de todos os seus irmãos” (Gn 16,11-12).

Talvez você não consiga perceber agora, mas esta palavra do anjo se realizou perfeitamente. Agar teve um filho e Abraão pôs o nome dele de Ismael como o anjo havia dito. Ismael era indomável como um jumento, e, como o anjo prometeu, teve uma grande geração, e o seu povo se chamou ismaelitas, que são os árabes hoje. O povo judeu é descendente de Abraão a partir de Isaac, o filho da promessa, e o povo árabe é descendente de Abraão por parte de pai. Portanto, são irmãos. Mas, até hoje, judeus e árabes não se entendem.

A Palavra se cumpriu perfeitamente. Tudo isso porque Deus é bom. Sarai errou entregando Abraão à sua escrava, e ele errou ao tê-la aceitado, porque Deus já havia lhe dito que ele teria um filho de sua descendência. Mas mesmo assim, por Sua infinita bondade, o Senhor os recompõe de toda essa situação. Aquela criança pereceria se Agar continuasse fugindo, e quem a acolheria? Como ela iria crescer? Deus já tinha em Seus planos um grande povo e Ismael era amado de Deus.

Muitas vezes, a esposa acaba descobrindo filhos que não são dela, mas de seu marido. Ele errou, mas essa criança é amada de Deus, Ele é bom para ela. Quantas coisas acontecem quando estamos fora da vontade de Deus, quantas confusões!

Deus recompõe tudo, faz Agar voltar para casa, humilhar-se diante de sua senhora. Ismael nasce e cresce, vem Isaac e a vontade de Deus se realiza. Por isso temos de cantar hoje e sempre: “Dai graças ao Senhor porque Ele é bom” (Sl 105).

É preciso viver o que está no final do Sermão da Montanha, ou seja, fazer a vontade de Deus, cumprir a Palavra d’Ele, construir, portanto, nossa casa sobre a rocha para que ela não caia. Ventos, chuvas e tempestades virão, mas se sua casa, ou seja, sua vida, for construída sobre a rocha, que é a vontade de Deus, ela não cairá, porque o Senhor é bom.

Padre Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

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