Jesus, Pão da Vida

No Evangelho de São João, encontramos o discurso a respeito do Pão da Vida. Jesus antecipa aos discípulos o maravilhoso tesouro que iria nos deixar:

Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele” (Jo 6,54-56).

Depois de ouvirem as palavras de Jesus, os discípulos murmuraram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6,60). Não foi o povo quem disse isso, muito menos os escribas, nem os fariseus ou os doutores da lei, nem mesmo os judeus contrários a Jesus: quem disse isso foram os Seus discípulos, os escolhidos para segui-Lo. Aqueles que o Senhor havia mandado à Sua frente, para pregarem e operarem milagres em Seu nome.

Depois das palavras de Jesus, “muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com ele” (Jo 6,66). Eles partiram, não acompanharam mais o Senhor. Poderíamos até pensar que esse foi um momento de crise dentro do ministério do Senhor Jesus. Ele corria o risco de perdê-los [discípulos], depois de prepará-los e formá-los. Portanto, se Jesus não quisesse dizer que Seu Corpo é verdadeira comida e Seu Sangue verdadeira bebida, com certeza teria chamado os discípulos de volta e explicado que se tratava de uma linguagem simbólica, espiritual.

Contudo, o Senhor não voltou atrás no que Ele queria dizer, apesar de Seus discípulos não aceitarem. Eles não tiveram a paciência de esperar. Se perseverassem, entenderiam que Jesus lhes daria o Seu Corpo e o Seu Sangue na forma de pão e vinho, pois foi isso que Ele realizou na Última Ceia.

Diante dessa situação, Jesus questionou os Doze: “Vós também quereis ir embora?” (Jo 6,67). Assim, correu o risco e desafiou os apóstolos. Foi como se dissesse: “Eles foram embora, porque não quiseram aceitar: acharam muito duro. Vocês também querem ir embora? Não posso e não vou voltar atrás. É isto mesmo que vou fazer: dar minha carne como comida e o meu sangue como bebida. Porque minha carne é a verdadeira comida, e o meu sangue é a verdadeira bebida. Vocês querem ir embora também?”. Pedro logo respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).

Pedro e os apóstolos permaneceram ao lado de Jesus. Pela graça de Deus, também permaneceremos com Pedro e com os apóstolos, ao ficarmos ao lado da Igreja, que acreditou nas palavras de Jesus Cristo: “Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele” (Jo 6,55-56).

Não podemos ser como os discípulos, que se afastaram por considerarem muito difícil a doutrina. Ou, ainda, como aqueles que celebram a ceia, mas não creem que Jesus está realmente presente na hóstia consagrada, não acreditam que Ele está renovando o Seu sacrifício em cada Santa Missa.

Embora não consigamos entender, com nossa inteligência, a maravilha que Jesus fez, ficamos com Pedro e com os apóstolos. Permanecemos com a Igreja e professamos: “A quem iríamos, Senhor? Somente tu tens palavras de vida eterna. Cremos e sabemos que tu és o Santo Deus”.

Jesus falou em “carne e sangue” para não pensarmos que se tratasse de um símbolo ou somente de um espírito. Ele especificou bem: “Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele”. Assim, deixa claro o seguinte: “Eu não dou apenas espiritualmente, eu me dou verdadeiramente. O mesmo Corpo que foi estraçalhado na cruz e que hoje está diante do Pai é o Corpo que eu vos dou. O mesmo Sangue que foi derramado na cruz, pela vossa salvação, eu hoje vos dou, para que tenhais a vida eterna, e para ressuscitardes Comigo no último dia”.

É o mistério da fé. A pessoa humana de Jesus pode estar onde quiser, como a velocidade do pensamento: não há empecilhos. Pode passar pelas paredes, pelas pedras, não tem peso. É assim também o Corpo ressuscitado e glorioso de Jesus.

(Trecho extraído do livro “Eucaristia – nosso tesouro” de monsenhor Jonas Abib)

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