Padre Jonas chora em missa a Dom Bosco

Lágrimas vieram aos olhos do fundador da Comunidade Canção Nova, padre Jonas Abib, na manhã desta quarta-feira, dia 31, ao falar das dificuldades que enfrentou no discernimento de sua vocação ao sacerdórcio. Na missa festiva ao santo do dia,
As ovelhas não conseguem viver sem o pastor. Até mesmo durante a noite, se o pastor não está junto delas, se elas não sentem o cheiro dele, elas não dormem e ficam perturbadas. Daí você percebe a importância dessa frase: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”. Foi isso o que Dom Bosco quis nos ensinar, que Deus sempre estará ao nosso lado.

Quando eu nasci, devido às dificuldades do parto, minha mãe me consagrou a Dom Bosco e, em questão de minutos, eu nasci. Começa aí o acompanhamento de Dom Bosco na minha vida.

Quando menino, minha família era muito pobre, mas mesmo assim, minha mãe me colocou para estudar num colégio de religiosas e lá eu encontrei Dom Bosco e Nossa Senhora Auxiliadora.

No colégio, as irmãs precisavam de um padre para educar os meninos e para que pudesse celebrar pelo menos uma santa Missa por semana. Logo, conseguiram um sacerdote salesiano, Geraldo Martinelli. Eu, ainda menino, ficava admirado com o jeito dele, com o entusiasmo com que ele celebrava a Missa. Depois da celebração e do lanche, o padre fazia a catequese para nós, contava-nos histórias, trazia aqueles filmes de 8 e 16 mm e nos ensinava músicas. Promovia um verdadeiro oratório. Ele vinha todas as quintas-feiras e queria que nós tivéssemos um campo de futebol. Conseguiu convencer as irmãs e elas se desfizeram da horta, que tinham, para fazer um campo para os meninos.


As irmãs viram em mim sinais de vocação ao sacerdócio. Elas e o padre Geraldo prepararam tudo para o meu ingresso no ginásio e chamaram meu pai. Na verdade, não eram só as irmãs, era Dom Bosco passando à frente. Eu fui para o colégio de Dom Bosco aprender artes gráficas, tinha as aulas no melhor colégio de São Paulo.

O senhor que me recebeu no momento da matrícula, um dia, foi até o campo de basquete, onde eu estava, e me perguntou se era verdade que eu queria ser padre. Eu, meio arrogante, perguntei quem havia contado isso a ele, mas tive de me abrir e dizer que eu queria ser padre, mas era muito pobre e não sabia como fazer, porque minha família não tinha dinheiro. Então, ele me disse que nós não precisávamos nos preocupar, porque eles cuidariam de mim. Comecei a ser coroinha numa igreja muito linda. Até que chegou um dia em que aquele senhor me perguntou se eu iria ou não para o seminário. Ele me deu um papel com a lista de um enxoval – que não era muito grande -, mas comprar tudo aquilo era muito duro para a minha família. Sem contar que na lista constava que tínhamos de arrumar dois sacos de roupa usada.

Quando meu pai chegou em casa, depois do jantar, ele e minha mãe conversaram por muito tempo e me disseram que queriam muito que eu seguisse a minha vocação, mas não tinham dinheiro para comprar as roupas novas, nem para arrumar os dois sacos de roupa usada, pois se juntássemos todas as roupas minhas e as do meu irmão não daria nem um saco.

Fui para o quarto e chorei à noite inteira. Comecei a me esconder daquele senhor, mas, um dia, ele me encontrou perto da cesta de basquete e todo alegre me perguntou se eu havia conversado com meu pai e minha mãe. Eu disse que não tínhamos dinheiro para comprar o enxoval, nem para arrumar os dois sacos de roupa usada. Ele começou a rir e me explicou que os sacos eram para colocar as roupas sujas, que eu ia usando, para, depois, levá-las para a lavanderia.

Contei a história para meus pais e o fato de rirmos daquela situação fez com que muitas pessoas, meus tios e as pessoas do bairro, nos dessem muitas coisas. Tudo aquilo era muito precioso. Minha mãe fez os dois sacos para eu colocar a roupa suja e eu fui para Lavrinhas (SP) começar o seminário. Lá, eu fiquei por quinze anos e me ordenei padre salesiano de Dom Bosco.

Deus me inspirou a trabalhar com os jovens e depois tudo me encaminhou para a Canção Nova. E aqui está tudo o que nós construímos. Isso porque Dom Bosco cuidou daquele menino chamado Jonas e foi me dando a oportunidade de estar com vocês hoje.

Eu quero agradecer a todos os pais e mães que, assim como meu pai e minha mãe, matricularam seus filhos no Instituto Canção Nova, um colégio de Dom Bosco, onde as crianças e jovens participam de teatros, têm um lugar para estudar, brincar, praticar esportes, ir à santa Missa.

Quando eu fui para o seminário, sem que eu soubesse, meu pai se confessou, comungou e nunca mais deixou de participar das Celebrações Eucarísticas. Ele se tornou um vicentino, cuidava dos pobres. Meu pai se transformou porque eu estava sendo educado num colégio de Dom Bosco e levava para casa tudo o que aprendia. Eu passava o domingo todo no colégio e aquilo era muito bom para mim, porque lá também era a minha casa, a minha família.

Hoje, Dom Bosco me dá a graça de poder cuidar de muitos jovens, padres e religiosas, consagrados e consagradas que são os professores destes e tudo o mais que vocês recebem gratuitamente no Instituto Canção Nova. Assim como Dom Bosco me educou, eu preciso retribuir esta educação. Não estou dando nada mais do que eu recebi. A história de vocês também é a minha história.

“Dai-me almas e ficai com o resto, o que importa é a juventude santa”. Esteja você em que série estiver, o importante é que você se torne um homem de Deus como foi Domingos Sávio, que é santo de altar.

Mais do que a Canção Nova, é Dom Bosco e o próprio Deus que estão dando isto para vocês. Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo.

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