Maria se faz presente na minha vida, diz monsenhor Jonas

Continuamos nossa série de entrevista com monsenhor Jonas Abib sobre seus 50 anos de sacerdócio e seu aniversário de 78 anos neste mês de dezembro. Nesta segunda parte da entrevista, o sacerdote partilha conosco sua experiência com Nossa Senhora, os momentos de purificação que viveu durante o tempo de enfermidades e seu encontro com o Papa Francisco. Monsenhor Jonas também deixa sua palavra para os sócios e a família Canção Nova.

:: Leia a primeira parte da entrevista

Revista CN – A Canção Nova tem uma maneira muito concreta de viver a devoção a Nossa Senhora. Como o senhor vê a presença de Maria em seu jubileu sacerdotal?

Monsenhor Jonas – Em minha vida, Maria sempre foi muito discreta, mas muito presente. Eu não encontro um momento da minha vida em que ela não estivesse presente. Eu diria que especialmente nos momentos de doença. Nestes últimos anos, quando vivi uma enfermidade inexplicável, a presença de Maria era nítida para mim. Pode parecer exagero, mas não é: eu podia tocá-la com a mão, tão presente ela se fazia.

Desde meu nascimento, Maria se faz muito presente, especialmente nos momentos de dor, sofrimento e de doença, que é uma característica da minha vida. Quanto à Canção Nova, preciso dizer: foi ela quem tudo fez. Desde a primeira casa que nós usamos para realizar encontros, em Areias (SP), a primeira construção que nós fizemos – a Canção Nova Casa de Maria, em Queluz (SP) – tudo, todas as coisas que fizemos e temos foi ela quem fez. Quem alicerçou e fez crescer a nossa comunidade foi Nossa Senhora.

Maria se faz presente na minha vida, diz monsenhor Jonas

Revista CN – O senhor sempre foi muito ativo. Como tem sido, com o passar da idade, e mesmo durante a doença que citou, esse “recolhimento” e o “silêncio”?

Monsenhor Jonas – Eu agradeço a Deus, porque é época da maturidade. Passado o tempo mais difícil da doença, agora estou ativo, mas sem me expor demais. Estou onde posso estar, como no Conselho Geral da comunidade, com nossos padres, e também quando posso pregar – não continuamente como eu pregava, mas tenho pregado em momentos “chaves”. Quando tenho a oportunidade de estar com os nossos membros da comunidade, percebo que minha presença tem sido formativa.

Revista CN – Quer dizer alguma coisa a quem possa estar passando por um momento parecido com o que o senhor enfrentou de enfermidade?

Monsenhor Jonas – Quero sim. Este é um momento de calma, é preciso que fiquemos calmos, pois parece que, nesta hora, se “perde o chão”. A tendência é irmos ao desespero: “O que eu faço? O que eu digo? Como vou proceder? Eu não consigo!…” É uma hora em que é preciso acalmar-se.

Em segundo lugar, e é o mais importante, é ter os olhos fixos em Deus, porque Ele está presente na “noite escura”. O Senhor está presente neste momento de vazio. Mas é um vazio fecundo, que não percebemos na hora; só depois, por isso é preciso que tenhamos os olhos fixos em Deus. Ele está na nossa crise. Eu compararia com aquilo que Jacó enfrentou, lutando com Deus no deserto (Gênesis 32). É algo semelhante, mas o bonito é isso: O Senhor está [junto de nós] e, por isso, superamos. Eu superei, graças a Deus, e estou colhendo os frutos.

“O mais importante: ter os olhos fixos em Deus, porque Ele está presente na ‘noite escura’.”

Maria se faz presente na minha vida, diz monsenhor Jonas

Revista CN – Como foi seu encontro com o Papa Francisco?

Monsenhor Jonas – Quando o encontrei pela primeira vez, na Praça de São Pedro, disse que tínhamos nascido da Evangelli Nuntiandi. Os olhos dele ficaram brilhantes e ele me disse em português: “Este documento é totalmente atual e a Igreja precisa retomá-lo e colocá-lo em prática, porque ele é da atualidade”. E realmente: nós estamos, graças a Deus, realizando a Evangelii Nuntiandi na sua totalidade, com o nosso modo de evangelizar, o nosso trabalho com os jovens e o nosso trabalho pelos meios de comunicação.

Revista CN – Uma palavra aos sócios, que são atuantes desde o início da Canção Nova.

Monsenhor Jonas – Os nossos sócios são a coisa mais importante que nós temos, porque eles são um povo simples, que contribui com o seu pouco; e, com este pouco, nós avançamos para águas mais profundas. Não se explica a Canção Nova sem a providência de Deus que age por meio dos associados. Eles são as mãos do Senhor para que a Canção Nova exista.

Revista CN – Se o senhor tivesse de fazer um pedido a Deus, o que pediria? E à família Canção Nova?

Monsenhor Jonas – Peço a Deus fidelidade. Que eu seja fiel, muito fiel, cada vez mais fiel, e que continue ativo – dentro das minhas possibilidades –, que eu não arrefeça, não perca o entusiasmo. Que mesmo com o corpo alquebrado, eu esteja com o coração cheio de fogo e ponha fogo nos outros. E quanto à Canção Nova – e aqui eu abraço todos os membros da comunidade –, eu lhes digo: vivamos o carisma, porque ele é muito importante, e vivamos a missão. Assim como eu peço a Deus, que eu não arrefeça, que ninguém arrefeça. Pelo contrário, mesmo nos cansaços próprios de quem trabalha ativamente, que tenhamos o coração ardendo, para que esta obra de Deus continue e se perpetue.

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