Homilia das Exéquias

A exemplo de padre Jonas, acreditemos no batismo do Espírito Santo

Homilia, na íntegra, da Missa do dia 13 de dezembro das Exéquias de padre Jonas Abib, presidida por Padre Adriano Zandoná

Queridos irmãos e irmãs que nos acompanham pelo Sistema Canção Nova de Comunicação, é difícil, quase impossível — no meu ponto de vista — definirmos com algumas palavras o legado de Monsenhor Jonas Abib. A atuação do ministério de Monsenhor Jonas Abib foi muito além do que poderia se esperar de um padre naquela época, mas também do que se poderia esperar de um padre nos tempos de hoje: transbordou seu carisma, sua entrega a Deus. 

Ao entrevistar o Campos, membro da Canção Nova há muitos anos – Comunidade Aliança –, ele disse: “Padre, eu era um jovenzinho, um jovem rebelde em Lorena. Um dia, fui em um Maranathá com o Monsenhor Jonas Abib. Como jovem, tentei entrar no encontro que o Padre Jonas estava pregando levando um litro de whisky escondido. Mas logo descobriram”.

Campos conta que o Padre Jonas ficou de olho nele. O padre Jonas simplesmente pregava, cantava, celebrava a missa e tocava violão. Segundo o missionário, naquele dia, somente às duas da manhã, o Padre Jonas o chamou para atendê-lo em confissão. 

“Depois de ter pregado o dia inteiro, depois de ter tocado violão, ele rezava com um por um, muitas vezes, pedindo batismo no Espírito Santo. Você vê a disposição de um homem santo e os frutos!” 

A generosidade transbordava em padre Jonas

Quando olho para a vida do Padre Jonas, a palavra que me vem é generosidade. A generosidade transbordava nele! Porque eu também sou padre, e posso afirmar para você, com clareza, que, depois de pregar um encontro inteiro, você, humanamente falando, não tem vontade de ficar até às duas da manhã atendendo confissão, mas a generosidade do Padre Jonas extrapolava os limites humanos. 

E o Campos, hoje um senhor, há tantos anos na Canção Nova, desde o início dizia com esse entusiasmo: “Sou fruto do ‘sim’ daquele jovem padre que ficou até às duas da manhã me atendendo em confissão”. 

E tantos outros exemplos que a Luzia, os mais antigos poderiam dizer do Padre, de quase virar a noite atendendo os jovens, atendendo as confissões, a gana pelas almas, a sede pela salvação das pessoas; e quantos testemunhos, quantos testemunhos! 

Compartilhe a sua história com o ministério do Monsenhor Jonas Abib

Quero incentivar você a partilhar a sua história com o Padre Jonas através das redes sociais. Mande para a Canção Nova por e-mail, compartilhe a sua história com o ministério do Monsenhor Jonas Abib. Porque, muitas vezes, quando a pessoa justa, santa, que de fato é virtuosa, está viva, parece que Deus até esconde um pouquinho as obras, os testemunhos. 

São João da Cruz dizia que a alma caminha mais segura quando ela desconhece o bem que faz. Talvez seja essa a pedagogia de Deus, mas se você olhar na história da Igreja, depois que uma pessoa justa, uma pessoa virtuosa vem a falecer, a ser colhida por Deus, como dizem: “Pipocavam testemunhos e graças, e coisas que aconteciam através da vida daquela pessoa, através da vida daquele justo, daquela pessoa de bem. E nós vimos, na primeira leitura hoje, o destino do justo. Às vezes, as pessoas podem olhar e ver um justo num  caixão, mas esse é o destino? A Primeira Leitura já responde: “Não, não! Eles se enganam. Para ele está reservada a glória, a comunhão com Deus, a visão beatífica eternamente. Então, olhando para a vida do padre Jonas, vemos esse transbordar da generosidade, e isso  precisa nos incentivar, membros da Comunidade Canção Nova, sacerdotes, você meu irmão de comunidade, você batizado, você filho da padre Jonas, você que talvez não seja Canção Nova, não tenha feito o seu compromisso com Deus dentro do carisma Canção Nova. Mas você também é filho do padre Jonas do ministério, da pregação, da oração e da eficácia.

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Eu e você precisamos imitar essa generosidade, esse transbordar! Padre Zezinho, scj, disse que o Padre Jonas não viveu para si, ele escolheu ser santo vivendo para o outro, tanto que ele fundou uma comunidade. E você imagina que uma comunidade como a nossa, com mais de 1300 membros, não seja fácil de ser administrada. Mas o padre Jonas nunca economizou a si mesmo, e aqui fica uma mensagem para nós membros da Canção Nova, para nós e para todos os filhos espirituais do Monsenhor Jonas Abib, generosidade o transbordar da generosidade.

Padre Jonas tinha uma fé atrevida

Agora, outra lição além da generosidade, outra realidade que forte ecoa no meu coração olhando para a vida do Monsenhor Jonas Abib é a fé, mas como o padre Jonas tantas vezes nos ensinou, é uma fé atrevida, aquela fé de paresia. Padre Jonas tinha uma fé atrevida. 

Você, ao pisar no Centro de Evangelização, está pisando num Milagre, você está pisando na fé. Esse lugar era um brejo, tinha cobra, tinha sapo, barro. Mas o profeta, o homem com a fé atrevida há décadas atrás, chegou aqui e disse: “Isso aqui vai ser, um dia, um estádio, um lugar em que multidões vão ser batizadas no Espírito Santo”. Talvez quem estivesse ao lado dele, tenha rido e falado “Padre, menos, menos…”

Eu nunca vi! Sou bem mais jovem de comunidade, claro! Tem gente com mais anos no carisma, mas, na minha experiência com a Canção Nova – e eu tenho certeza que os mais antigos podem corroborar  isso –, eu nunca vi o padre Jonas andando para trás.

O Padre Jonas ensinou multidões a dependerem de Deus, ele ensinou a multidões que a fé é assim: primeiro você coloca o pé, depois Deus coloca o chão. Padre Jonas nunca esperou ter chão para pisar, ele só ouvia Deus, era um homem da Palavra. Mas se Deus falasse “pisa”, ele não pisava, ele se jogava! Ele era um homem de ousadia, de uma fé ousada. E esse Centro de Evangelização é fruto do atrevimento da fé do padre Jonas. Deus falava no coração dele e ele acreditava. Deus disse: “Eu vou lhe dar uma televisão”. O padre não questionava.

Novas vocações para a Canção Nova

Eu, como sacerdote na Canção Nova, imbuído também desse mesmo desejo, quero ser muito ousado, muito ousado. Eu sei que estamos num momento de velório, mas quando eu preparava essa homilia, o Espírito Santo trazia ao meu coração uma frase do século II de um santo chamado Tertuliano que dizia o seguinte: “Na perseguição, é onde a Igreja mais cresce”. Ele dizia que o sangue dos mártires é semente de novos cristãos, e foi isso que aconteceu.

Vinha lá o imperador Tertuliano, perseguia, matava cristãos, e pipocavam novos cristãos na Igreja. Tertuliano e outros imperadores perseguiram os cristãos… Pipocavam novos cristãos. O sangue dos mártires é semente dos novos cristãos, e eu quero profetizar, aqui, hoje, imbuído desse mesmo atrevimento do padre Jonas Abib, que o sangue do padre Jonas, o grão de trigo que morre hoje do padre Jonas, a morte do padre é semente de novas vocações que virão em penca, virão em multidões, vocações para dentro da Canção Nova de consagrados. Eu profetizo isso em Nome de Jesus! E já pedindo a intercessão do meu pai fundador, o sangue dele, a entrega dele, a morte dele, o grão de trigo que morre, como disse o Evangelho para produzir fruto, o sangue do padre Jonas é semente de novas vocações para a Canção Nova, e eu já digo para minha equipe do vacional: vocês podem se preparar, podem conseguir mais gente. Com todo respeito, todo carinho, mas com toda autoridade de Padre, de filho do padre Jonas, eu profetizo isso em nome de Jesus, na autoridade do legado desse homem do atrevimento, da fé desse homem.

O sangue do padre Jonas vai trazer novas vocações, o sangue do padre Jonas vai trazer novos sacerdotes para a Canção Nova, novos homens e mulheres cheios do Espírito Santo, atrevidos, que não têm vergonha de rezar, não têm vergonha de ser carismático, não têm vergonha do dons do Espírito Santo. O sangue desse homem, nesse dia aqui absorvido pela terra, metáfora da Bíblia, vai produzir muita vida. Ele já está produzindo muita vida.

Tem gente, agora, me acompanhando; tem jovem, agora, me acompanhando; tem jovem, agora, que já está sendo chamado por Jesus a segui-Lo como o padre Jonas seguiu, para dar a vida como o padre Jonas deu, como a Luzia e tantos jovens que hoje são adultos, senhores da Canção Nova, que largaram tudo para seguir o sonho não do Padre Jonas, mas o sonho que Deus semeou no coração do Padre Jonas. E eu digo para você, jovem, usando uma frase do próprio Monsenhor Jonas Abib: “Bonito não é realizar o próprio sonho somente, mas é realizar o sonho de Deus, o projeto de Deus. E eu tenho certeza que esses meus irmãos sacerdotes da Canção Nova, se cada um viesse e pegasse esse microfone e fosse partilhar, diriam sobre os sonhos de que abriram mãos para viver o sonho de Deus. E eu tenho certeza que, abraçando o sonho de Deus, eles descobriram uma alegria, eles descobriram um sonho mais profundo que está na alma, eles descobriram um gozo espiritual que eles nunca tinham experimentado na vida. Então, mais uma vez, eu digo: o sangue do Padre Jonas vai trazer muita vocação para Canção Nova, e o sangue do Padre Jonas vai encher ainda mais esse Centro de Evangelização, as pessoas que nunca ouviram falar da Canção Nova, de Jesus, do Espírito Santo, vão pisar neste solo. 

A partir deste dia, eu profetizo isso em nome de Jesus, e isso vai acontecer, porque nós temos um grande intercessor no céu. Eu exorto e incentivo os meus irmãos e a mim mesmo: não percamos o fervor; pelo contrário, renovemos o atrevimento na fé, renovemos o gosto pela evangelização, renovemos a vontade de salvar as almas, de salvar as pessoas.

Dias atrás, eu estava pregando um encontro, e, de repente, veio um jovem falar comigo, dizendo: “Padre, eu sou da Renovação [Carismática Católica – RCC], eu sou do grupo de jovens e eu amo a Canção Nova!”. Eu estava com um pouco de tempo, e ele começou a contar sua história. Esse jovem era filho de uma camareira de um hotel, uma mulher que vivia uma vida de pecado profundo, envolvida com ocultismo, com muita coisa contrária ao Evangelho. Então, disseram que, no hotel em que ela trabalha, estava um tal de Padre Jonas Abib, que tinha ido pregar um encontro naquela região, e ele foi se hospedar lá. Essa mulher foi trocar a roupa de cama e o Padre Jonas encontrou-se com ela e começaram a conversar. Depois de alguns minutos, ela estava sentada, e ele, com a mão na cabeça dela, pedindo o batismo no Espírito Santo. Essa mulher, batizada no Espírito Santo, foi embora em seguida, e não sei se ele soube o restante da história.

Mas essa mulher foi para a Igreja e abandonou o pecado, abandonou o ocultismo, criou o filho dela na Igreja, levou o filho dela para o grupo de oração e ele foi batizado no Espírito Santo. O filho dela, um jovem adulto, já estava num encontro dando testemunho disso para mim. E eu pensei: “Gente do céu, olha o alcance do ministério desse homem de Deus! Olha o legado! É muita coisa! E, mais uma vez, eu digo que não temos noção, não sabemos, meus irmãos! Vamos começar a ouvir muitos testemunhos, porque um coração disposto é o que Deus precisa, é o combustível para o milagre, combustível para a transformação das consciências. 

Eu me lembro de quando eu fui ordenado padre. Eu nunca havia dado a bênção antes. Eu fui ordenado padre, todo exibido que podia abençoar. A pessoa já me olhava demais na rua, já abençoava, já mandava uma bênção! Se eu tivesse uma oportunidade, abençoava tudo! Hoje, quero manter isso, porque eu vou ser missionário, e a gente carrega Deus, a gente tem como obrigação dar esse Deus vivo e vivido para as pessoas, porque o remédio de que o mundo precisa é Jesus Cristo.

O remédio que o mundo precisa não são métodos de pensamento positivo, é Jesus; e é Jesus que nós precisamos continuar anunciando, pois a missão continua!

Outro aspecto com o qual eu quero encerrar essa reflexão da vida do Monsenhor Jonas e que me encanta é o ser formador, o ser pedagogo do padre Jonas. Ele sempre foi um ensinador, um pedagogo, um formador, ele sempre estava formando as pessoas. E para que o padre Jonas formava? Para a santidade. Tudo no padre Jonas, na vida dele, era uma seta que apontava para o céu; e ele estava sempre nos formando para a santidade. Sempre, sempre, sempre! 

A palavra “pedagogia” vem do grego pedagogué ,que quer dizer o seguinte: “Aquele que tirava da pessoa o que ela tinha de bom dentro de si, que nem ela mesmo sabia”. Então, o pedagogo tira da pessoa o que ela tem de bom.

Dinâmica de formação do Espírito Santo

Padre Jonas sempre foi preocupado com a formação dos homens novos, mulheres novas para o mundo novo. Sempre preocupado em nos fazer entrar na dinâmica de Deus, do Espírito Santo que sempre está nos formando. E nos documentos da Canção Nova, “Deixe-se formar por Deus”, volume 2 (é um volume antigo), padre Jonas diz: “Não podemos frustrar os desígnios de Deus. Deus tem urgência na nossa formação para que Cristo seja gerado em nós, e para isso ele usa não só os responsáveis, os formadores, mas usa todos os que convivem conosco, Ele usa tudo para nos formar”. 

Depois, o padre Jonas diz: “Assim como o jovem rico não podia agarrar-se, de maneira nenhuma, a suas riquezas, nós não podemos nem mesmo ficar presos a nossa personalidade. Não adianta dizer ‘eu sou assim mesmo’, ‘que os outros me aguentem’”. Não somos um bloco de mármore. Olha o que o fundador padre Jonas nos ensina, nos diz que é necessário retirar muitas coisas para que Jesus transpareça. 

Muitas vezes, quem tira as lascas de você não é o formador, não é a autoridade, mas sim as pessoas que convivem com você. Quando isso acontece, nós nos enfurecemos contra a pessoa, mas é Deus quem está nos formando, tirando lascas, tirando excessos, pegando o bloco de mármore e fazendo de nós uma obra-prima. Padre Jonas sempre foi preocupado para que nós entrássemos na dinâmica de formação do Espírito Santo. Ele foi um pedagogo preocupado com a nossa santidade. Ele nos formou para sermos santos.

O que é ser santo? É ser separado. A palavra quer dizer separado, separado totalmente para Deus, e ele foi nos formando nas pequenas coisas, ensinando-nos a rezar. Ele foi nos ensinando a confessar, foi nos ensinando a nos relacionarmos dentro da Canção Nova. 

Talvez você não saiba, mas nós temos princípios de vida que são lindos! Um exemplo é o princípio do viver da providência. Padre Jonas foi nos ensinando a depender totalmente de Deus, a confiar que Ele cuida de nós. 

Tem o princípio da partilha e da transparência. Ele, como pedagogo, foi nos ensinando a dizer a verdade, a resolver a coisa com o outro, a não entulhar mágoas no coração. 

O princípio do viver reconciliado, ele foi nos ensinando a viver como um pai que pega na mão da criança e diz “olha, é por aqui”. Viver com pessoas diferentes não é fácil, ou melhor, conviver com pessoas não é fácil. Mas o padre Jonas foi nos ensinando a não deixarmos a nossa mágoa, o nosso ressentimento se tornar um empecilho. Não, não! Vivamos a reconciliação, vivamos reconciliados. 

Padre Jonas também nos ensinou a pureza, o caminho, o princípio da pureza. Um princípio lindo da sadia convivência. O Padre Jonas foi mal interpretado quando ele propôs isso, quando ele disse que homens e mulheres iam viver juntos em missão, trabalhar juntos. Ele foi chamado de louco – chamaram-no de tanta coisa! Quem conhece a história do monsenhor sabe disso. Mas ele não parou aí. Ele acreditava que o homem e a mulher pudessem viver em pureza, em sintonia; ele acreditava que nós poderíamos nos relacionar uns com os outros sem nos usarmos como objeto para termos um prazer momentâneo. Ao contrário do que esse mundão nos ensina, ele, como pedagogo, foi nos ensinando a ver na mulher não um objeto, mas uma filha de Deus, uma irmã; ensinando as mulheres a verem nos homens um irmão. 

Ele foi nos ensinando coisas preciosas, e é preciso nunca deixarmos que a rotina, que os pecados, que o diabo arranquem esses princípios da nossa alma. O padre Jonas “mastigou” o que é o Evangelho, nos entregou e falou: “Viva. É só perdoar, é só viver a pureza, é só depender de Deus”. E nós vamos continuar perpetuando esse legado. Pequenos que somos, frágeis que somos, mas vamos continuar.

O padre nos ensinou a depender de Deus, pois Ele age através do povo, age através da moedinha da viúva. Quantos sócios evangelizadores vêm na Canção Nova trazer o generoso com moedinhas de dez centavos! Eles doam, às vezes, cinco reais, dois reais, mas tudo isso que você vê, esse Centro de Evangelização enorme, esse Sistema de Comunicação que evangeliza 24 horas por dia, essa comunidade que tem casas de missão na África, em Israel, na Europa, no Paraguai, nos Estados Unidos… Tudo isso é fruto da ousadia do padre Jonas e da doação do povo.

Padre Jonas acreditou em Deus, mas também acreditou no povo, acreditou que o povo é bom, o povo é generoso, o povo vê a obra de Deus e sustenta a evangelização. E nós vamos continuar acreditando, porque a Canção Nova não é só de quem está aqui, ela também, de alguma forma, é sua, você também faz parte dessa inspiração, você também é responsável por fazer a nossa evangelização continuar a se perpetuar. Que nós, membros da Canção Nova, continuemos com essa pedagogia do Espírito Santo que o Padre Jonas foi inspirado e com a qual ele evangelizou gerações. 

Nós queremos continuar acreditando no batismo do Espírito Santo, levando as pessoas a serem batizadas no Espírito. Nós queremos continuar buscando essa graça da renovação do batismo, cada dia levando as multidões a serem batizadas. O padre Jonas nunca teve vergonha dos dons do Espírito Santo. Ele nunca teve vergonha de rezar em línguas. Padre Jonas é carismático, a Canção Nova é carismática, e nós vamos morrer carismáticos. É assim que Deus nos fez e é assim que nós vamos viver lutando para perpetuar esse legado tão tenso, tão profundo, tão fecundo, que, como eu disse, palavras são muito escassas, são até abstratas para expressar tudo que representa o ministério desse nosso querido pai fundador, monsenhor Jonas.

 “Aguenta firme, meu filho!”

Concluo lembrando que, quando eu tinha cinco meses de comunidade, era ainda pré-noviço, como se falava na época, há quase 19 anos, eu, jovenzinho, era o único filho homem da família, não acostumado a viver longe da família. Eu entrei em uma crise muito grande, e eu decidi: vou embora da comunidade, porque eu estava com saudade da minha mãe, saudade do meu pai. Eu fui à capela e disse ao Senhor: “Olha, eu só não vou embora amanhã se o Senhor falar comigo hoje claramente”. Mas eu falei por falar, porque eu já estava decidido a ir embora. E eu caí na besteira de ir na missa – era uma Quinta-feira Santa de Lava-pés com padre Jonas Abib. Ele, na homilia, simplesmente olhou para o lado onde eu estava, era lá no rincão, lá em cima, e ele falou com essas palavras: “Você que está pensando em ir embora, deixa eu te dizer uma coisa, você não vai embora, você não vai desistir de Deus”. 

Ele não estava falando de desistir da comunidade, estava num contexto da pregação, mas ele apontou para onde eu estava e falou: “Você não vai embora, porque Deus tem um projeto para você, Deus tem o melhor para você, e você não pode ser mole”. No final, para variar, ele falou: “Aguenta firme, meu filho!”. Aí, eu já estava chorando, já era! E, hoje, eu  estou aqui presidindo a Missa por causa daquele profeta. Eu não tive a oportunidade de contar isso pra ele, mas aí eu pensei: eu não contei para ninguém, como ele sabe? Ele usou as palavras que eu falei para Jesus na capela. “Você não vai embora. Deus tem um projeto para você. Eu estou falando para você, tolinho, não seja mole!”. Ele falou comigo, falou com multidões, gerações. Enfim, refletimos sobre isso e damos graças a Deus pelo legado fantástico do nosso pai fundador.

Transcrição e adaptação: Letícia Morais      

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