A essência da Comunidade CN

“Vai falar por mim, anuncia-me!"

Homilia, na íntegra, da Missa do dia 14 de dezembro das Exéquias de padre Jonas Abib, presidida por Padre José Augusto

Eu pedi para o seminarista trazer água, porque, muitas vezes, quando o Padre Jonas ia pregar no “Rincão do Meu Senhor”, naqueles tempos mais antigos, ele sempre pedia para que alguém trouxesse um copo de água. Então, eu quero fazer esse gesto.  

A pessoa proclamava o Evangelho, o seminarista vinha, trazia um copo de água e ele bebia. Enquanto o salmista ia cantando, ele ia descendo. Estou fazendo isso para vocês relembrarem. 

Ele vinha e, quantas vezes, neste ambão, ele proclamava a Verdade para tantas e tantas pessoas, pela transmissão da rádio e depois da TV. Era assim. Vinha quietinho e, à medida que ia falando, era possuído (vamos dizer assim) por Deus, e aí o Padre Jonas começava a falar. Quem não lembra daquele gesto: ele vinha (isso lá no Rincão), descia (descendo as escadinhas do palco), sentava-se e fazia assim: “Meus filhos” (estendendo o braço para o povo). Ia pregando e falando “meus filhos”.

Quantas vezes, vendo o Dunga, o Padre pulava, mandava o Dunga deitar no chão e sentava em cima dele. Quem não se lembra?! Quem não se recorda?! Mas eu queria trazer um detalhe do que o Padre Jonas um dia pregou, e ele falou uma vez: “No dia em que vocês colocarem o microfone na minha boca, e eu não falar mais nada, é porque eu não estarei mais aqui”. Quem ouviu isso?

O sentimento de uma comunidade órfã

Ele falava isso justamente para dizer: “Eu não vou parar de falar. Eu só pararei de falar no dia em que colocarem o microfone na minha boca e eu não disser nada”. Hoje, nós estamos vivendo isso. O corpo dele está ali, a alma dele já foi para a eternidade; e tem uma pergunta que algumas pessoas estão fazendo: ” O que será de agora em diante ?”. É aquela sensação, para nós da Comunidade, do que aconteceu com Bento XVI quando ele renunciou, e também quando o Papa São João Paulo II morreu. 

Quando Bento XVI renunciou, eu estava no confessionário, atendendo em confissão, e falaram da renúncia. Eu fiquei ali, cheguei na janela e fiquei desnorteado. O que será? Aquela sensação de perda.

Vai ficar a essência da Canção Nova ensinada pelo Padre Jonas

É assim que nós da Comunidade estamos, uma sensação de perda. Mas não é uma perda, é um ganho. Nós, até então, estávamos acostumados com a presença do Padre Jonas. De agora em diante, nós vamos ter uma presença do Padre Jonas não enquanto presença material, essa presença minha, essa presença sua, aqui. Ele vai continuar presente no meio de nós. 

Ele continua presente de forma espiritual. Eu não estou dizendo, meus irmãos, que o Padre Jonas vai estar no meio de nós espiritualmente, não é isso. O que vai ficar na Comunidade é a essência. A essência do que ele nos ensinou. Vocês compreendem? É essa a essência que vai ficar. Nos documentos que ele deixou, inspirados por Deus, nos nossos estatutos, na presença de cada um, nos ensinamentos que vem, é assim que ele vai estar presente. 

E lá, intercedendo por cada um de nós, para que a essência que ele recebeu, naquele dia em que o Padre Haroldo rezou impondo as mãos sobre o ele, e ali aconteceu o quê? Deus, através do seu Espírito, derramou, no coração do padre Jonas, a essência do que Deus queria dele.     

Deus inspirou uma verdade, uma verdade tão grande que, em nenhum momento, o Padre Jonas teve dúvida daquela inspiração que Deus deu. É como os apóstolos, quando eles eram presos e queriam condená-los, mandando que eles calassem a boca por causa de Jesus, e eles diziam como Pedro: “Como vocês querem que eu cale o que eu vi? Eu vi Ele ressuscitado. Vocês podem fazer o que quiserem, mas eu não posso negar. Eu não posso negar o que eu vi”.

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Preparar um povo para a segunda vinda de Jesus

Padre Jonas, quando começou a sua missão, essa essência que o Espírito colocou dentro dele, não tinha como negar. Preparar um povo para a segunda vinda de Jesus. Isso ficou impregnado. Qualquer pessoa que viesse falar com ele o contrário, ele não tinha como concordar, porque essa verdade estava dentro dele, e ele lutou por esta verdade até o fim da vida dele. “Jesus está voltando. Jesus voltará meus filhos, minhas filhas!”.

Aqui, eu quero falar para os membros da Comunidade. Ele dizia: “Meus filhos, meus filhos, preguem, falem, anunciem, rezem para as pessoas receberem o Espírito Santo, para que elas entendam o que significa a vinda do Senhor. Meus filhos, preguem! Preguem! Preguem! Preguem, meus filhos!”

Então, essa verdade ficou impregnada nele, era preciso que passasse para nós, membros da Comunidade, porque se essa verdade que Deus inspirou no coração do Padre Jonas não estiver impregnada dentro de nós, a nossa evangelização não será na sua essência. Nós vamos até falar, mas não será na essência que estava dentro dele, porque esta verdade que estava dentro dele é a mesma verdade que precisa estar dentro de nós para pregarmos o Evangelho. Se essa verdade estiver impregnada, em nenhum momento nós teremos medo de anunciar, como ele nunca teve medo. Estão entendendo irmãos?  Está claro?

Por exemplo, quando entrava um membro na ordem dos jesuítas, uma das exigências que Santo Inácio de Loyola tinha era pedia aos jesuítas que eles fizessem o retiro inaciano. Quando eles faziam o retiro inaciano, ficavam impregnados do que Deus tinha feito com Santo Inácio, e por isso iam pregar o Evangelho com a essência que estava dentro de Santo Inácio, que era aquilo que Deus havia plantado no coração dele. 

Assim se propaga o carisma. Ele não termina, ele continua! Bem… O que faremos? Tem gente da Comunidade falando assim: “O que faremos?” Eu sou a resposta. O que ele fez. Simplesmente isso. Nada mais do que isso. O que foi que ele fez? O que foi que ele fez? É só isso que nós vamos fazer. Nada mais. E é isso que ele quer que nós façamos. Nada mais do que isso.  

Na hora que o Padre Haroldo rezou pelo padre Jonas, Deus imprimiu um germe de essência de evangelização que Ele queria que o Padre Jonas realizasse e que a Comunidade realize. Foi isso que ele fez. Vou explicar melhor para vocês entenderem.

“Vai falar por mim, anuncia-me!” 

Quando o Padre Jonas pregava, que ele cantava esta música, letra do Diácono Nelsinho, e quem é do tempo do “Louvemos ao Senhor”, é o número 454. Na hora que ele cantava, lá no Rincão – e eu estou falando mais no Rincão, porque eu estou indo lá no passado – “Vai falar por mim”.  Você vê que a música demora um pouco no trecho “Vai falar por mim”. Aqui, está a essência do que Deus falava para ele. Ia na alma dele. Então, quando ele cantava “Vai falar por mim”, não dava pra voltar.

Diante da essência, diante daquilo que ele ouviu, diante daquela oração que o Padre Haroldo fez, quando ele foi tomado pelo Espírito, aquela verdade verdadeira (me desculpe falar assim) que estava dentro dele não tinha como ele voltar. Não dá mais para voltar.

“Vai falar por mim, anuncia-me!

Vai falar por mim, anuncia-me!”

O Padre Jonas não está mais no nosso meio, mas ele está no nosso meio através da Comunidade, de cada membro da Comunidade. Deixa eu dizer uma coisa: desde a Maria Helena Pedro, que trabalha no setor de Cartas até um Padre Roger que prega, e os outros que estão aí pelo meio, todos são importantes. Os que aparecem e os que não aparecem, todos são importantes, porque todos são evangelizadores, todos são pregadores, porque está na essência da Canção Nova, está na essência do fundador pregar, anunciar.

“Ah eu não sei falar, sou apenas uma criança;

Ah eu não sei falar, sou apenas uma criança.

Tenho medo, Senhor!

Vem falar por mim. Misericórdia!

Vem falar por mim. Misericórdia!”

Temos medo, mas não podemos ter medo. Medo de quê? O nosso medo é não pregar, porque se a nossa essência está na evangelização, está na pregação do Evangelho, o nosso medo é o medo de não pregar. 

Pregar o Evangelho no cotidiano da vida

E aqui eu repito, não é somente o microfone na mão. Sem microfone. Quantas vezes ele falou isso. É na vida, é no dia a dia, é com carta, é sem carta, é na cozinha, é em qualquer lugar em que você estiver. Na frente das câmeras, por trás das câmeras, em qualquer lugar, em qualquer situação, “Vai falar por mim!” . Falar por mim. 

Deus falou para o padre Jonas: “Jonas, vai falar por mim, Jonas! Se você não falar, quem vai falar, Jonas? Eu imprimi isso no seu coração. “Jonas, fala por mim!” 

Agora que ele não está no meio de nós, é o Padre Jonas dizendo: “Meus filhos, vão falar por mim!”. Vocês entendem? “Falem por mim, meus filhos!” Agora, eu já fui. São vocês, agora, que têm que falar! É você! Não se calem, meus filhos!”.  E isso vai até a segunda vinda de Jesus. 

Padre Jonas desejava muito ver Jesus vindo na sua glória. Quantas vezes, na empolgação, ele dizia: “Eu verei Jesus vir na segunda vinda”. Bem, ele viu Jesus na segunda vinda quando ele estava com a Iara lá no quarto, quando rezou o Ângelus e, depois  de ter rezado o  Ângelus, Jesus veio para levá-lo. Ele contemplou a segunda vinda de Jesus naquele momento, Iara. 

Agora, os membros da Comunidade, vamos lutar para que nós possamos enxergar, nós possamos vê-lo. Mas enquanto Ele não vem, “Vai falar por mim, anuncia-me!”.

Todos agora. “Vai falar por mim, anuncia-me!”  

Vocês entenderam o que eu disse? Deus fala para o padre Jonas: “Vai falar por mim, Jonas”. Ele veio e fez. Mais de 40 anos falando, falando, falando, falando, falando.  E Deus disse: “Agora, está na hora de você descansar”. E agora ele diz para nós: “Vai falar por mim, anuncia-me!” .

Fica de pé agora, porque ninguém anuncia sentado. Nesses dias, nós vimos Isaías dizendo o seguinte: “Confortai os corações desanimados”. A morte do Padre Jonas traz para nós da Comunidade, não um desânimo, mas um ânimo. Agora, é hora de nos animarmos para anunciarmos. Não é para desanimar!  

Na Canção Nova não se comportam padres desanimados, celibatários desanimados, casais desanimados, solteiros desanimados. O que move a nossa vida é a evangelização. Casado ou não. Realizando ou não, o seu estado de vida. A essência está em falar, em anunciar, porque quando Jesus voltar, será que ele vai encontrar fé sobre a Terra? E a fé que ele precisa encontrar sobre a Terra, a gotinha da Canção Nova, nós somos uma gotinha. Nós temos que deixar ao menos um pouquinho de fé no coração deles, daqueles que ainda não conheceram o Senhor.  

Vocês entenderam?

“Vai falar por mim, anuncia-me!”    

Transcrição e adaptação: Ester Vieira

Assista à Santa Missa de Corpo Presente do Monsenhor Jonas Abib – Padre José Augusto

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